Constantemente me perguntam qual é o meu posicionamento político, como se houvesse uma resposta simples e direta, como se a verdade se resumissem a uma única linha, uma única bandeira.
Mas, sinceramente, cheguei à conclusão de que não há mais uma resposta clara ou definitiva.
O que vejo, cada vez mais, é um emaranhado de paradoxos e contradições que tornam qualquer definição superficial.
O Brasil, nesse caos político, parece ser uma sucessão de ilustrações do que a filosofia nos alerta: a política, quando distorcida, se transforma em um jogo de aparências, onde os discursos de direita e esquerda se confundem, e as promessas de mudança se perdem na prática da manutenção do status.
"A política é a arte do possível", diria Maquiavel. Mas, no nosso caso, o que me parece possível não é mais uma política que nos inclua a todos, mas uma perpetuação de um sistema que engessa direitos e marginaliza a maioria.
A frustração vem da percepção de que, por mais que se fale em direitos fundamentais, a acessibilidade a esses direitos é um luxo que poucos conseguem desfrutar.
Vivemos em um país onde a Constituição promete a todos o direito à educação, saúde, segurança, mas esses direitos, na prática, são privilégio de poucos.
Como disse Rousseau, "o homem nasce livre, mas por toda parte está acorrentado". E é exatamente isso que vejo: uma liberdade que é, na verdade, uma ilusão.
As correntes são invisíveis, mas são reais — feitas de desigualdade, corrupção, falta de oportunidades.
A verdadeira crítica não está nem em ser de direita nem de esquerda, mas em questionar o próprio sistema que nos aprisiona.
Onde, em vez de promover a justiça social, o sistema alimenta um ciclo de desigualdade que, ao longo do tempo, nos afasta de qualquer verdadeira democracia.
Se a política se torna uma guerra de narrativas, onde a verdade se dissolve em um mar de interesses, qual é o papel do cidadão? Qual é o nosso espaço em um sistema que, ao invés de garantir direitos, torna a luta por eles quase uma missão impossível?
A filosofia nos ensina que a política deve ser um meio de emancipação, de liberdade, de busca pela verdade. Mas, no Brasil, parece que estamos apenas correndo em círculos, tentando sair do labirinto da hipocrisia, onde as promessas se contradizem e os direitos são negociados como mercadoria.
Essa é a minha crítica: não há mais uma resposta simples, porque, para mim, a verdadeira questão é entender como podemos construir um sistema que, de fato, entregue o que foi prometido a todos, sem exceções.
Até lá, qualquer resposta política se dissolve no vazio da insustentável desigualdade.
Thaísa Barbosa
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