Pular para o conteúdo principal

Expectativas do ser e/ou existir

Às vezes, parece que tudo ao redor está pedindo demais, como se o peso das expectativas nunca fosse aliviado.

Todo dia é a mesma cobrança disfarçada de “ajuda” ou “dúvida”, como se a vida devesse ser perfeita o tempo todo, como se houvesse uma receita para conseguir dar conta de tudo e ainda sorrir no final.

Mas, a cada novo esforço, sinto que estou mais distante de algo que nem sei mais o que é. As palavras dizem uma coisa, mas os gestos são sempre tão diferentes, como se tudo ao meu redor fosse só mais uma peça de um quebra-cabeça que nunca se encaixa.

Tem dias em que me pego pensando se alguém percebe que estou ali, mas ao mesmo tempo tão longe. Ou será que sou só mais uma na lista de coisas que precisam ser feitas? Um número a mais. Não é que eu não queira, é que, às vezes, parece que o mundo nunca dá uma pausa. E essa cobrança constante... parece que é isso que está me consumindo aos poucos, como uma pressão que não alivia.

Mas, claro, tudo é só uma questão de "se esforçar mais", não é? Como se o cansaço não fosse mais do que uma sensação passageira. Quando, na verdade, ele já tomou conta de tudo, mesmo que ninguém perceba.

BARBOSA, Thaísa. Expectativas do ser e/ou existir. Fragmentos de um silêncio inquieto, 12 dez. 2024.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Meus 24 anos

Hoje, ao completar 24 anos, percebo que o tempo se desdobra diante de mim como uma metáfora viva. Ele se estica, se comprime, como as ideias que cruzam minha mente — inconstantes, inquietas, e por vezes contraditórias. Sou, de algum modo, um reflexo da filosofia que estudo, das dúvidas que cultivo e das certezas que ainda não encontrei. Aos 24 anos, me vejo como um território vasto e inexplorado, onde cada dia representa uma nova estrada a ser percorrida, com suas bifurcações e curvas inesperadas. A filosofia tem sido uma lente através da qual busco entender a complexidade do ser. Ela me fornece as ferramentas para olhar para dentro, para questionar tudo — até o que parece inquestionável. E embora, muitas vezes, isso seja desconfortável, é nesse desconforto que encontro transformação. Sou grata por cada pensamento que me move, por cada dúvida que me assombra, por cada dúvida que, de alguma forma, me revela. Como sagitariana, sou naturalmente movida pela busca incessante por respostas ...

A pressão da escolha acadêmica e profissional na sociedade contemporânea: reflexões sobre o sucesso, o empreendedorismo e o ensino tradicional

     Nos últimos anos, a pressão para escolher uma formação acadêmica e uma carreira tem aumentado significativamente, especialmente com a ascensão de novos discursos sobre sucesso e profissão. A proliferação de coaches e influenciadores digitais, que associam a ideia de realização pessoal e profissional ao empreendedorismo, adiciona uma camada extra de ansiedade, principalmente para os jovens que tentam decifrar o que esperam do futuro. Em meio a essas pressões, é interessante recorrer a pensadores que, de diferentes maneiras, ajudaram a entender o que está em jogo nessa escolha e como a sociedade enxerga o sucesso.      Por um lado, a valorização do empreendedorismo, amplificada pelos coaches, se conecta com o que o filósofo Zygmunt Bauman chamou de modernidade líquida. Bauman argumenta que, na sociedade contemporânea, as relações, os empregos e até as certezas existenciais se tornam volúveis e passageiras, como "líquidas". Nesse contexto, a ênfase no emp...

Uma Reflexão Filosófica: A Hipocrisia do Natal

Uma Reflexão Filosófica: A Hipocrisia do Natal: A hipocrisia do Natal, quando vista sob uma ótica filosófica, pode ser interpretada como uma contradição intrínseca entre o que é proclamado e o que é praticado, entre o ideal e o real. O Natal, em seu sentido mais profundo, carrega uma mensagem de amor incondicional, fraternidade e reflexão sobre a condição humana. É um convite à generosidade e à solidariedade, à pausa para uma avaliação moral do que somos e do que podemos nos tornar. No entanto, essa mensagem se dilui na efervescência de um sistema que prioriza o consumo, a aparência e a busca por status. Na filosofia existencialista, por exemplo, esse desencontro entre discurso e ação reflete a angústia humana diante de uma sociedade que impõe significados muitas vezes distantes das necessidades e dos anseios genuínos da alma. Jean-Paul Sartre poderia argumentar que, ao viver de forma tão alienada, ao adotar um comportamento superficial e vazio em nome de convenções sociais (como as d...