Pular para o conteúdo principal

Postagens

Criativo nulo

        É impressionante a perturbação que sinto quando não escrevo, como se houvesse uma ausência profunda ao não poder expor os turbilhões dentro de mim. No entanto, quando me disponho a escrever, a criatividade desaparece. É como se as palavras me faltassem, como se meus dedos se tornassem pesados e eu perdesse toda a energia necessária para seguir em frente.      Lembro-me de algo que escrevi quando minha família e eu enfrentávamos uma crise devido à saúde do meu pai, que já não está mais conosco. Quando revivo aqueles momentos, a memória vem em forma de céu cinza, como se, naquele ano, o verão jamais tivesse existido. Tudo era nublado, sombrio, e, em alguns momentos, chuvoso.      Agora, sinto que esse mesmo sentimento se apresenta novamente. É como se o sentido de viver e de pertencer fosse tão abstrato que me sinto incapaz de traduzi-lo ou interpretá-lo.      As dúvidas sobre o ser, sobre a existência e o senti...
Postagens recentes

NEOLIBERALISMO: SOFRIMENTO EM MASSA E A PRODUÇÃO DE DESIGUALDADE SOCIAL

INTRODUÇÃO O neoliberalismo, enquanto conceito econômico, social e político, tornou-se um dos paradigmas dominantes nas últimas décadas. Sua ascensão, principalmente a partir da década de 1970, está diretamente ligada a transformações significativas na economia global. Inicialmente, o neoliberalismo foi apresentado como uma ideologia capaz de gerar prosperidade universal, fundamentada na liberalização dos mercados, privatização dos bens públicos e a redução do papel do Estado. Suas promessas incluíam bem-estar, qualidade de vida e, sobretudo, um mundo mais igualitário, com as mesmas oportunidades para todos. No entanto, à medida que o neoliberalismo se consolidou, tornou-se evidente que sua estrutura não só não trouxe a igualdade prometida, como também ampliou as desigualdades sociais. A proposta neoliberal, em vez de ser uma utopia de prosperidade, tem se mostrado um mecanismo de gestão do sofrimento psíquico e da fragmentação social. Este artigo busca explorar como o neoliberalismo e...

A política que NÃO RESPONDE: o caos, a desigualdade e a falta de solução

Constantemente me perguntam qual é o meu posicionamento político, como se houvesse uma resposta simples e direta, como se a verdade se resumissem a uma única linha, uma única bandeira. Mas, sinceramente, cheguei à conclusão de que não há mais uma resposta clara ou definitiva. O que vejo, cada vez mais, é um emaranhado de paradoxos e contradições que tornam qualquer definição superficial. O Brasil, nesse caos político, parece ser uma sucessão de ilustrações do que a filosofia nos alerta: a política, quando distorcida, se transforma em um jogo de aparências, onde os discursos de direita e esquerda se confundem, e as promessas de mudança se perdem na prática da manutenção do status. "A política é a arte do possível", diria Maquiavel. Mas, no nosso caso, o que me parece possível não é mais uma política que nos inclua a todos, mas uma perpetuação de um sistema que engessa direitos e marginaliza a maioria. A frustração vem da percepção de que, por mais que se fale em direitos funda...

Leituras para 2025

Se você está em busca de novos desafios literários e quer expandir seus horizontes filosóficos em 2025, aqui estão algumas recomendações organizadas por áreas da filosofia. Estas obras são essenciais para quem deseja mergulhar nas discussões sobre metafísica, ética, epistemologia, política e muito mais. Filosofia Medieval Agostinho de Hipona – Confissões Agostinho de Hipona – A Cidade de Deus Tomás de Aquino – Suma Teológica Anselmo de Cantuária – Proslogion Boécio – A Consolação da Filosofia Guillaume de Saint-Thierry – A Alma da Vida Espiritual Duns Scotus – Questões sobre a Verdade João Escoto Erígena – Sobre a Divisão da Natureza Pedro Abelardo – Sic et Non Filosofia Moderna René Descartes – Meditações Metafísicas René Descartes – Discurso sobre o Método Baruch Spinoza – Ética John Locke – Ensaio sobre o Entendimento Humano Gottfried Wilhelm Leibniz – Essais de Théodicée David Hume – Investigação sobre o Entendimento Humano David Hume – Tratado da Natureza Humana George Berkeley – ...

Uma Reflexão Filosófica: A Hipocrisia do Natal

Uma Reflexão Filosófica: A Hipocrisia do Natal: A hipocrisia do Natal, quando vista sob uma ótica filosófica, pode ser interpretada como uma contradição intrínseca entre o que é proclamado e o que é praticado, entre o ideal e o real. O Natal, em seu sentido mais profundo, carrega uma mensagem de amor incondicional, fraternidade e reflexão sobre a condição humana. É um convite à generosidade e à solidariedade, à pausa para uma avaliação moral do que somos e do que podemos nos tornar. No entanto, essa mensagem se dilui na efervescência de um sistema que prioriza o consumo, a aparência e a busca por status. Na filosofia existencialista, por exemplo, esse desencontro entre discurso e ação reflete a angústia humana diante de uma sociedade que impõe significados muitas vezes distantes das necessidades e dos anseios genuínos da alma. Jean-Paul Sartre poderia argumentar que, ao viver de forma tão alienada, ao adotar um comportamento superficial e vazio em nome de convenções sociais (como as d...

Meus 24 anos

Hoje, ao completar 24 anos, percebo que o tempo se desdobra diante de mim como uma metáfora viva. Ele se estica, se comprime, como as ideias que cruzam minha mente — inconstantes, inquietas, e por vezes contraditórias. Sou, de algum modo, um reflexo da filosofia que estudo, das dúvidas que cultivo e das certezas que ainda não encontrei. Aos 24 anos, me vejo como um território vasto e inexplorado, onde cada dia representa uma nova estrada a ser percorrida, com suas bifurcações e curvas inesperadas. A filosofia tem sido uma lente através da qual busco entender a complexidade do ser. Ela me fornece as ferramentas para olhar para dentro, para questionar tudo — até o que parece inquestionável. E embora, muitas vezes, isso seja desconfortável, é nesse desconforto que encontro transformação. Sou grata por cada pensamento que me move, por cada dúvida que me assombra, por cada dúvida que, de alguma forma, me revela. Como sagitariana, sou naturalmente movida pela busca incessante por respostas ...

Fragmentos de quem sou

Há momentos em que me vejo perdida, como uma melodia dissonante tocada por mãos invisíveis, que não sei se moldam o que sou ou o que estou tentando ser. Em algum lugar, entre a necessidade e o vazio, aceito o que se me oferece, como se fosse o único caminho a seguir. A dor, então, se torna algo quase tangível, como um compromisso com o destino. Me entrego a ela, como quem se submete ao vento forte que arrasta pensamentos, levando tudo o que era. Não me firo com lâminas, mas com crenças silenciosas — aquelas que se instalam sem aviso e se tornam verdades não ditas. É aí que me vejo fragmentada. Olho para dentro e encontro pedaços de mim mesma, espalhados e despedaçados. Cada fragmento parece uma peça perdida de um sonho que nunca se concretizou, de uma ideia que se desfez ao primeiro toque da realidade. E então, a realidade irrompe, sem aviso, como uma luz crua que fere os olhos acostumados à penumbra do sonho. Desperto e, ao fazer isso, vejo que a ilusão, com suas cores vibrantes, diss...